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Luvas Brancas



As luvas. Aquelas luvas brancas. Chapéu sem data de compra ou uso. Paletó curto e preto com feições do marrom parecido no resto de café fundo do copo. Gravata bem tratada no laço feito, sabe Deus quando, sujo, intocado , sustentando à si bicolor do azul e preto. Calças, vizinhas do paletó, moldavam pernas finas. Mais justas que largas faziam sopé nas botinas lustradas com o entardecer que o sebo dá ao lustro. A camisa variava na oferta. Sem intimidade. Antes dos Grupos Escolares os párocos escolhiam , entre os meninos , futuros padres . Ação mais do que cuidadosa porque educação formal era valor quase inegociável, restrita. O padre católico era gerenciador do individuo corpo e alma. O processo era tão importante à levar famílias destacadas com mais de seis filhos homens induzir o mais fraco para o clero . Ao lado , o clero, procurava inteligências . Garimpava com o diamante na batéia. Nove anos, analfabeto. Coroinha, dez anos, alfabetizado. Júbilo, onze anos, seminário. Pai rosnou, filho único, mãe chorou de felicidade e a cidade pequena cumprimentou. Aos dezoito, voltou com batina seminarista. Festa. Foi festejado. Ataliba, melhor amigo da infância, na alegria arrematou: “ na língua dos padres , arrasta: “ arroz doce com canela “ , e pega o prato “. Ano e meio antes do se ordenar padre provocou um murro na cara de padre mestre. Calmo, não explicou. Gritos, na reciclagem , provocaram mais uns três. Saiu manso, mas não de mansinho. Saiu consigo. Sem o sigo. Vinte e dois anos andou nas ruas da capital São Paulo. Caipira na Capital. “Sebento”. Aquele “Sebento”. Conheci.
Luis Carlos Castro Palma, 21 de Janeiro de 2004.

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